Eu não acreditei. Eu realmente não pude acreditar no que aconteceu hoje. Depois de ter passado a manhã inteira assistindo toda a baixaria no Senado, me deparo com a maior delas. Não, não é possível que eu esteja acordada. Isso só pode ter sido um pesadelo (mais um) no meu acompanhamento da vida política desse país.

Até agora meu espírito não se recuperou. Dentro de mim continua uma agitação, uma frustração e uma chama de esperança que teima em não se apagar. É pequena, mas resiste. Porque a minha utopia é quase pragmática. Infelizmente eu estava acordada. E o Senador, o Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) estava lá. Por 40 votos a 35 ele foi absolvido. E a cassação? Virou apenas uma palavra difícil de escrever e de praticar.

Acordei meu dia feliz. Escutei no Bom Dia Brasil o jornalista Alexandre Garcia dizendo que a probabilidade era que o Senador fosse cassado. Por pelo menos 40 votos a favor. E novamente a chama da esperança reaqueceu. E apagou novamente. Por volta das 17:00h mais uma vez a pizza, tão saborosa, teve o gosto amargo da impunidade, da cara-de-pau desses pseudos representantes do povo brasileiro. Nada temos a ver com infidelidade desse homem. Mas ele foi corrupto, recebeu vantagens indevidas, nos fez de palhaços, foi até o fim sem renunciar, e por fim, saiu vitorioso. Que exemplo.

Como explicar para nossos adolescentes, recém inseridos na consciência política desse país, a vitória da impunidade? Lembrando que esse termo já está virando um clichê. São dúvidas e mais dúvidas que povoam os pensamentos. Os meus, de tentar entender, se tiver explicação, de como isso é possível. O dos nossos Senadores, cheios de boas brigas entre o anjinho e capetinha, aqueles que representam nos desenhos o lado bom e o lado ruim. Só sei que, depois dessa briga, muita gente não vai dormir essa noite.

Mariana Rosa, estudante de jornalismo indignada com a pilatragem política que pertence ao Brasil.